Formas de Reexistência
Maria Appleton
05.11 > 29.11.2025
Curador: Pierrick Baudouin
Appleton Box
Um espaço fechado. Uma sala enterrada, talvez mesmo uma caverna.
O ar saturado, a escuridão, o peso do silêncio — alguma coisa parece alterar a passagem do tempo.
Sob os nossos pés, a terra húmida e vibrante. O que esconde o solo? Tudo o que lhe deixámos, claro; mas também sem dúvida toda a matéria do mundo por vir. Os dois confundem-se no instante, de imediato se desenlaçam, para perpetuamente recompor o presente.
À medida que nos aproximamos, as tecelagens revelam-se. Parecem prolongar a matéria do solo sem lhe pertencer inteiramente. Oito unidades de informação, quais pilares vivos que equilibram a presença e o vazio. As cores circulam, sobrepõem-se, entrelaçando uma rede subtil de correspondâncias. Os elementos selvagens imiscuem-se entre os seus fios – contaminam o todo.
Duas forças que parecem a priori incompatíveis entram em coexistência: a brutalidade orgânica da terra e a sofisticação dos sistemas humanos. Ou talvez o contrário. Trata-se da travessia de um campo em tensão. As tecelagens tornam-se agentes reveladores: juntamente com a terra, desenham arquitecturas invisíveis.
Nestes espaços exumados, cada um dos nossos passos, cada olhar, captura uma experiência singular do presente. Mais do que artefactos estéticos, as tecelagens de Maria Appleton são também interfaces, isto é, convites a habitar a complexidade elusiva do mundo.
Maria Appleton
Formas de Reexistência, 2025
Instalação composta por oito tecelagens suspensas e terra
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