The dog is very confused é uma exposição colectiva de seis jovens artistas portugueses decididos a trabalhar juntos num projecto para a galeria Foco. Durante alguns meses, reuniram e trocaram ideias sobre possíveis formas de interacção. O tema subjacente da exposição baseou-se num género de jogo, em que alguém dá uma sugestão aos restantes jogadores, a que estes procuram responder, sendo o título da presente exposição o momento inicial do jogo. Através desta prática, os artistas conseguiram criar ligações de pensamento para serem desenvolvidas e seguidas. As principais características deste projecto foram conversas, relações pessoais e um espaço comum de criação – o ateliê.
A confusão, presente no título, pode ser entendida de diferentes modos. Convidamos os visitantes a fazerem parte da exposição e a criarem os seus próprios significados. Pessoalmente, a confusão na arte está relacionada com o modo de estar, quando alguém é capaz de percepcionar, criar, e manter-se aberto a novas experiências. Uma atitude positiva que perpetua o desenvolvimento de ideias e te mantém activo.
Ao entrar na galeria, o primeiro contacto é com uma instalação de larga escala de Nuno Gonçalves – um desenho sobre uma cortina que alude ao animalismo e aos seus estereótipos. A simplicidade da instalação chama a atenção pelo seu tamanho e estilo minimal, dividindo o espaço em dois palcos.
Perto da instalação de Gonçalves está a primeira obra de Diogo Branco. É possível ver os outros sete trabalhos depois de caminharmos para o outro lado da cortina: esta sequência permite-nos acompanhar o processo criativo e artístico do pintor. Compreendemos, de algum modo, o universo do pintor – confusão, tentativa erro e a interferência do quotidiano no processo criativo.
Os trabalhos de Diogo Pinto são naturais, detalhadas e cuidadas experiências de forma e matéria.O uso de objectos comunsderretidosem cera gera confusão relativamente à materialidade das coisas e ao mesmo tempo dá-nos uma noção de textura.
Continuando a nossa visita, encontramos os trabalhos de Inês Brites. Repartidos por dois espaços, os seus trabalhos falam da memória colectiva e da presença tecnológica nas nossas vidas, hoje e no passado.
A exposição termina com as obras de Francisca Valador e Eduardo Fonseca e Silva. Na utilização de pequenos formatos, os artistas mostram uma ligação efémera entre eles, caracterizando-os a sua diversidade de técnicas e diferenciada presença.
Esta exposição pode ser vista como uma peça teatral, onde cada obra é individualmente um acto completo que acrescenta sentido quando em contexto.
Curadoria de Kasia Sobczak-Wróblewska