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O peito contra as costas
Manuel Tainha
[08/02/24 - 23/03/24]

Foco Galeria O peito contra as costas

OP (after Vale do Silêncio), 2024

Cal e lixívia sobre algodão de veludo

250×300 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

OP (after Vale do Silêncio), 2024

Cal e lixívia sobre algodão de veludo

250×300 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Sutura, 2024

Cal, pigmento e lixívia sobre veludo de algodão, moldura de alumínio

60×50 cm 

Foco Galeria O peito contra as costas

Sutura, 2024

Cal, pigmento e lixívia sobre veludo de algodão, moldura de alumínio

60×50 cm 

Foco Galeria O peito contra as costas

Detalhe de Sutura, 2024

Cal, pigmento e lixívia sobre veludo de algodão, moldura de alumínio

60×50 cm 

Foco Galeria O peito contra as costas

Ema, 2024

Cal e lixívia sobre veludo de algodao, moldura de alumínio

180×140 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Ema, 2024

Cal e lixívia sobre veludo de algodao, moldura de alumínio

180×140 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Detalhe de Ema, 2024

Cal e lixívia sobre veludo de algodao, moldura de alumínio

180×140 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Muro, 2024

Fotografia, veludo, moldura de alumínio com vidro UV70

40×30 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Figura I, 2024

Alumínio

26x50x40 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Figura I, 2024

Alumínio

26x50x40 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Nuvem & Arcadas, 2024

Grafite sobre papel, veludo, moldura de alumínio com vidro UV70

40×30 cm (cada)

Foco Galeria O peito contra as costas

Estrilho, 2024

Grafite sobre papel, capa de revista, moldura de alumínio com vidro UV70

40×30 cm 

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Figura III, 2024

Alumínio

31x93x74 cm 

Foco Galeria O peito contra as costas

Figura III, 2024

Alumínio

31x93x74 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Vista da Exposição

Foco Galeria O peito contra as costas

Figura II, 2024

Alumínio

125x95x76 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Detalhe de Figura II, 2024

Alumínio

125x95x76 cm

Foco Galeria O peito contra as costas

Detalhe de Figura II, 2024

Alumínio

125x95x76 cm

Galeria Foco tem o prazer de apresentar Peito contra as costas, a segunda exposição individual de Manuel Tainha.

Inauguração: 8 de fevereiro às 18h.

O PEITO CONTRA AS COSTAS                                                                                     
Dizem que, num dia de céu aberto, é possível ver para sempre
a palavra ruína a deslizar mais facilmente da língua do que
ar qui tec tura, pesando
perigosamente na tua garganta. Permanência nunca foi pensada para ser proferida como auxiliar de memória: um lembrete súbito que fazer invisível não torna
ausente.

o peito contra as costas coração
contra as costelas costas 
contra
contra a 
parede a primeira parede antes do início, a ceder rapidamente o seu estatuto arquitetónico por uma divisão silenciosa
do que está aqui
e

um mapa da urgência em desenhar o mundo entre 
eu e
tu. Às vezes penso se já experienciaste o tempo
em torno das margens. Não tenho a certeza. Pertence ao futuro, ou ao passado? A nenhum. Tenta
um não-lugar em espiral descrito contra 
a persistência do pó nas roupas que costumavas vestir, ecos de metal em metal, a acumulação
tácita de cortes de papel nos dedos emoldurada como trabalho,
não violência – um vocabulário que só a erosão conhece.

perguntaste-me que hora é este lugar. Sabes,
a idea do futuro parece ser formada algures antes da ideia de passado
antes
de conseguires murmurar vale do silêncio como frase completa, já sabias como a agarrar. Afinal,
o impacto físico sempre foi o modo mais cortante de relembrar: 
rasgando 
espinhas de livros que quiseste proteger calor 
corporal a manchar páginas beijadas pelo tempo descobrindo 
a maleabilidade da resistência a ternura da compressão a violência da permanência espalhada pela
tensão das tuas mãos. Espero que isto te seja útil
por algum tempo.

enquanto tentas sincronizar memórias com vislumbres do passado a alta velocidade, lembra-te
a mais duradoura das narrativas é vivida através de ruínas,
imagens-fantasma legendadas como desejo,
a desaparecer à frente dos teus olhos
punhos cerrados joelhos escurecidos peito 
ainda
contra as costas.

Inês Mena Silva