Na sua primeira exposição individual, Rosanna Helena Bach abre um espaço de realismo mágico: uma área translúcida, branca e cinzenta onde observações atentas da natureza coexistem com sonhos místicos. Inspirada tanto pelo animismo como pela física quântica, a artista explora intuitivamente tanto o mundo invisível como o físico e investiga as ligações entre todos os elementos. “O Espaço Entre Nós” leva-nos, portanto, numa viagem às suas perguntas, pensamentos e crenças através de um corpo de trabalho espiritualmente carregado. As gravuras, assim como as esculturas de vidro e cera, comungam com material natural recolhido para formar um jardim que redesenha o nosso sentido de realidade. Um fruto transforma-se num ovo e dá à luz um cavalo alado. As plantas crescem em parafina, as rochas tornam-se em vidro e linhas prateadas surgem nos ossos de choco. Será que são corpos em decomposição ou talismãs radiantes? Símbolos e significados flutuam numa névoa misteriosa.
Esta exposição poderia ser experimentada como algum tipo de passagem: um lugar e um movimento de meditação e transformação. Rosanna Helena Bach cultiva de facto uma obsessão terna pelo conceito de liminaridade. A liminaridade caracteriza várias entidades que se encontram no meio ou que pertencem a dois estados ou locais diferentes. El Luminoso Vacio – um recipiente de vidro branco alojado numa sala branca – leva esta reflexão ao seu auge. O próprio branco pode ser considerado uma cor, a totalidade das cores e a sua ausência. Significa vazio e possibilidades infinitas. O vidro também encarna um estado ambíguo: sendo transparente mas reflector, líquido mas sólido mas frágil, revelando luz na matéria e deixando-a passar. Além disso, tal como a pequena pedra que esconde no seu núcleo, o recipiente parece inerte mas, de facto, cresce activamente sem que o olho humano o possa notar. As obras expostas impulsionam-nos a olhar para o nosso ambiente, apesar dos limites da nossa percepção. Realçam as energias que nos rodeiam: o ar que respiramos, os pensamentos que escondemos, as dúvidas que partilhamos. O espaço entre nós não é vazio.
Curadoria de Manon Klein
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