Traças – Traços foi concebida a partir de diversos artefactos e investiga memórias, arquivos, relações de poder, espaço, modelos de costura e narrativas pessoais. Há dois anos recebi as cópias em ozalide das plantas arquitetónicas da minha escola primária, que pertenceram ao meu avô, um dos responsáveis pela sua construção. Mais recentemente, encontrei os modelos em papel de punhos e golas de camisas, usados pela sua mãe que trabalhava como costureira.
As plantas e os modelos em papel tornaram-se motivos para explorar ideologias e relações de poder e género, presentes em arquitetura e costura. Tais dinâmicas estão presentes na minha família: tradicionalmente, os homens trabalham em construção e arquitetura, enquanto as mulheres são costureiras ou decoradoras. Recentemente tal foi subvertido pelo trabalho em arquitetura da minha irmã e pelo uso de têxteis no meu trabalho.
Os rastros e traços presentes nos artefactos transformam-nos em objetos brincalhões que atuam como explorações materiais de estórias familiares e pessoais, da minha relação com o passado, dos objetos em si e dos seus fantasmas que, como traças, os vão comendo e criando espaço para o aparecimento de algo novo,
As peças apresentadas são objetos metálicos que citam as plantas arquitetónicas e os modelos curvilíneos de colarinhos e roupa, um brise-soleil esqueletal, um brise-soleil textual sobre o meu despertar amoroso durante a escola primária escrito pelo meu marido (Michael Langan), e um biombo que cita decoração e arquitetura. Como habitualmente no meu trabalho, os materiais são comuns e acessíveis – madeira, papel, cobre, latão. Nelas ecoam os objetos e as práticas originais, enquanto, simultaneamente, interrogam resiliência e tempo, na sua fragilidade, incerteza e imperfeição .