Nesta exposição, Rodrigo Rosa apresenta uma série de esculturas, acompanhada por desenhos das mesmas. O casamento entre a escultura e o desenho levanta questões que não querem ser respondidas, mas sim indefinidamente pensadas, sobre a íntima relação do artista com a cidade e a maneira como a emprega de forma a questionar o seu gesto e representação pictórica.
«Tenho uma perspetiva muito específica da cidade, detesto-a tão intensamente que me deixa em êxtase, e acabo por a apreciar de alguma forma. É contraditório, um caso assumido de Síndrome de Estocolmo, aquilo que me faz sentir preso também acaba por ser aquilo me tranquiliza, como se existisse uma “ordem universal”, ou exatamente o oposto, sucintamente, faz-me sentir vivo. Acaba por ser uma visão um tanto melancólica, ser tão infeliz que acabo por me sentir confortável com isso, no meio de todo o caos. É uma sensação especial, a experiencia de deambular sem rumo pelas ruas – tal como se em modo de automatismo psíquico -, e cada detalhe, cada racha no chão ou tijolo fora de sítio tem a sua história, tudo tem a sua identidade, e tudo tem a sua ordem. Eu assumo esta relação, duma forma bastante intrínseca, e quero que o observador participe nela e tenha a sua própria experiência.»
Objetos recolhidos pelo artista, com toda a sua história própria e marcas individuais – quase pessoais – são re-contextualizados para construir aquilo a que Rodrigo chama as Unknown Structures. Estas esculturas (Tower, Tower II, Tower III, Tower IV e Tower V) são definidas pela maneira como a identidade própria dos seus elementos abre para o observador um leque muito específico de possíveis significados – sustentados sobretudo em alusões ao meio urbano e á arquitetura. Estas esculturas são então confrontadas pelos desenhos da série Unnamed Spaces. A associação entre o desenho e a escultura assume um papel central nesta exposição, atribuindo um papel de destaque ao observador na procura e atribuição de significados.
«A intenção é, sobretudo, deixar o observador criar o próprio contexto e a própria história destes objetos, da mesma maneira que se formulam os nossos próprios universos pessoais e privados a partir das nossas redondezas, e quem sabe, alcançar uma aproximação privada entre o objeto artístico e o observador.
E quem sabe as possibilidades que essa relação entre a escultura e o desenho pode significar? Este embate de interpretações e perceções levanta questões, mas será que essas questões querem ser respondidas? Ou indefinidamente pensadas, talvez até contempladas? Esse papel é o do observador.»