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Flor Cadáver
Francisco Trêpa
[04/04/24 - 12/05/24]

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

Rafflesia Arnoldii I (Flor Cadáver), 2024

Cerâmica vidrada

32x54x43 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Polinizador I, 2023

Cerâmica vidrada

30x28x30cm

Polinizador Cansado , 2024

Glazed Ceramics

27x32x30cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

 Reflectors Nest, 2024

Cerâmica vidrada e parafina

196x29x25 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Drone Queen, 2024

Cerâmica vidrada e parafina

150x36x41cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Drone Queen, 2024

Cerâmica vidrada e parafina

150x36x41cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Kepper, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

161x60x37cm

, 2024

Cerâmica vidrada

40x54x36cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

Kepper, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

161x60x37cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Kepper, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

161x60x37cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Kepper, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

161x60x37cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Killer, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

161x60x37cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Killer, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

161x60x37cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Krubut (Flor Cadáver), 2024

Cerâmica vidrada

35x33x17cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

Phytophilia, 2024

Cerâmica vidradas, Haworthia Cuspidata (Star Window Plant) e terra

40x36x36cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Zangão, 2024

Cerâmica vidrada

70x37x16cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

Polinizador Agarrado, 2024

Cerâmica vidrada

64x36x20 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Buds,  2024

Glazed Ceramics

63x32x20 cm 

Foco Galeria Flor Cadáver

Polinização Cruzada, 2024

Glazed Ceramics, paraffin and wood 

110x70x43 cm 

Foco Galeria Flor Cadáver

Detail of Polinização Cruzada, 2024

Cerâmica vidrada, parafina, madeira

110x70x43 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Polinizador Caído, 2024

Glazed Ceramics and paraffin

08x107x95 cm

Operárias (Seriee 37), 2024

Cerâmica vidrada

approx. 17x12x12 cm 

Foco Galeria Flor Cadáver

Polinizador Caído, 2024

Cerâmica vidrada e parafina

08x107x95 cm

Operárias (Serie de 37), 2024

Cerâmica vidrada

approx. 17x12x12 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Polinizador Caído, 2024

Glazed Ceramics and paraffin

08x107x95 cm

Operárias (Serie of 37), 2024

Glazed Ceramics

approx. 17x12x12 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Operárias (Serie of 37), 2024

Glazed Ceramics

approx. 17x12x12 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Operárias (Serie of 37), 2024

Glazed Ceramics

approx. 17x12x12 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Exhibition View

Foco Galeria Flor Cadáver

Vegetal Heat, 2024

Glazed Ceramics, paraffin and metal

121x75x75 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Krubut II, 2024 

Glazed Ceramics

36x40x17 cm 

Foco Galeria Flor Cadáver

Enxame, 2024

Glazed Ceramics

185×205 cm 

Foguinho, 2024

Glazed Ceramics

09x22x02 cm | Ed.40

Foco Galeria Flor Cadáver

Rafflesia Arnoldii II (Flor Cadáver), 2024

Glazed Ceramics

32x54x29 cm 

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

Vista da exposição

Foco Galeria Flor Cadáver

Abraço, 2024

Glazed Ceramics

71x125x89 cm

Foco Galeria Flor Cadáver

Abraço no Jardim da Espérides, 2024

Glazed Ceramics

40x20x20 cm

A Galeria Foco tem o prazer de apresentar Flor Cadáver, uma exposição individual de Francisco Trêpa.
Com curadoria de Ana Cristina Cachola

UMA FLOR, POR AMOR

Quando o olho pára sobre uma virtuosa obra de cerâmica de Francisco Trêpa cremos prontamente que ela não pertence a este mundo; todavia não temos dúvidas de que pertence a um outro – contém uma ontologia de pertença que nos intriga como uma espécie de campo magnético. Por isso, não paramos de olhá-la, deixamos que nos seduza e depois queremos segui-la, para sabermos de onde vem. Em Flor-Cadáver, a primeira exposição individual de Trêpa na galeria, esse campo magnético levar-nos-á a encontrar profundos afetos, inquirições e autoficções 

Numa pesquisa mais extensa sobre polinizadores e a sua importância na sobrevivência da vida planetária, Francisco Trêpa descobre a Rafflesia: trata-se de um género de planta parasita sem folhas, conhecida por produzir a maior flor do mundo. A Rafflesia é nativa do sudeste da Ásia, especialmente da Indonésia, e a respetiva flor emana um forte e desagradável odor, semelhante ao de um corpo em decomposição, o que atrai insetos polinizadores como moscas e besouros. Noutras palavras, finge-se de morta frequentemente. Este fingimento da protagonista titular, que pontua diversos momentos da exposição, propaga-se pelo restante cenário. Os vários polinizadores de Trêpa dispõem-se em narrativas específicas, mais ou menos dramáticas (fingidas?). Todos estão ali neste universo-exposição para relembrar a sua existência e apelar à sobrevivência.

Os polinizadores ocupam um lugar de capital importância na sobrevivência da espécie humana e do planeta Terra. Devido a perdas de habitat, uso de pesticidas, mudanças climáticas, doenças, e parasitas e espécies invasoras, muitos encontram-se em vias de extinção, com tudo o que isso acarreta. Não é diferente no universo dos polinizadores de Trêpa, onde surgem representados tanto o keeper quanto o killer – a ambiguidade do ser humano enquanto guardião ou assassino destes bichinhos. As mãos, os gestos, o corpo de Trêpa conseguem informar-nos mas também formar-nos (ficaremos certamente mais atentos). Aos polinizadores junta drones, que os substituem. O drone insinua-se, contudo, de forma menos direta, através de inscrições, decorações e repetições de objetos mínimos. As cenas a que assistimos garantem o eixo narrativo da exposição, mas não desvendam todas as narrativas. Não saberemos o futuro destes seres.

Reconhece-se sempre, nas obras de Francisco Trêpa, uma relação dinâmica com a matéria (e materiais que usa) e, em vários casos, as sugestões plásticas e imagéticas não desempenham uma função de substituição do mundo material, não sendo um signo para uma outra coisa, mas antes detêm o poder de criar «tropos» de novos universos e os seus imaginários. A obra de Trêpa convoca, assim, diversos «tropos» — a natureza, a paisagem, as plantas, as flores, o sonho, o onírico, as possibilidades da figuração, a (des)construção de lugares, a imprevisibilidade da matéria, apenas para mencionar alguns —, que coloca num estado de suspensão, parecendo que cada uma das suas peças se encontra numa condição metamórfica e performática constante, sendo que, mesmo quando materialmente estáticas, se mostram dotadas de movimento consequente. Neste sentido, do fazer artístico de Trêpa está ausente uma ontologia monolítica e cristalizada, pois, apesar da constância, são múltiplas as reverberações e sugestões no olhar do espectador.

O artista identifica o respetivo campo de pesquisa como sci-fi barroco, uma linhagem que articula elementos dessa estética ornamentada com temas e conceitos da ficção científica. Em Flor-Cadáver é explorada a complexidade da realidade e o colapso do pensamento binário, a fusão entre o orgânico e o tecnológico (muito evidente no caso dos drones polinizadores). Narrativas complexas, visualmente ricas e cheias de carga simbólica, compõem a matriz de trabalho de Trêpa: o amor, o gesto e o pensamento. Esta exposição não tem fim, tem apenas um destino: o abraço, a necessidade universal de conexão e empatia, transcendendo diferenças em espécie ou origem.

Abril de 2024,

Ana Cristina Cachola

Inauguração 04/04/24 – 18h