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Mermaids of a Restless Sea
Nádia Duvall
[06/11/25 - 20/12/25]

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Vista da Exposição

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Arma branca, 2025

Worbla, escamas de peixe, cobre, sistema de iluminação

10x130x30 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Detalhe de Mulher de boca grande ressurgindo das profundezas do oceano, 2025

Vidro acrílico, madeira, pele de tinta, Worbla, porcelana fria, cristais feitos à mão, acrílico, escamas de peixe, dentes de resina, resina epóxi, metal, verniz, desenho com caneta 3D, sistema de iluminação

112x92x30 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Detalhe de Mulher de boca grande ressurgindo das profundezas do oceano, 2025

Vidro acrílico, madeira, pele de tinta, Worbla, porcelana fria, cristais feitos à mão, acrílico, escamas de peixe, dentes de resina, resina epóxi, metal, verniz, desenho com caneta 3D, sistema de iluminação

112x92x30 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Bocas de Guerra, 2025

Vidro acrílico, madeira, tinta na pele, Worbla, porcelana fria, cristais feitos à mão, acrílico, escamas de peixe, dentes de resina, resina epóxi, metal, verniz, fotografia lenticular, sistema de iluminação

112x92x30 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Detalhe de Bocas de Guerra, 2025

Vidro acrílico, madeira, tinta na pele, Worbla, porcelana fria, cristais feitos à mão, acrílico, escamas de peixe, dentes de resina, resina epóxi, metal, verniz, fotografia lenticular, sistema de iluminação

112x92x30 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Escritos do passado, do presente e do futuro, 2025

Vídeo e som

3m00s – Ed de 3

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Vista da Exposição

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

A leveza da libertade, 2025

Âncora de ferro, fibra, resina, cristais feitos à mão

103x58x58 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Detalhe de A leveza da libertade, 2025

Âncora de ferro, fibra, resina, cristais feitos à mão

103x58x58 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Um osso entre a pele I, II, III, IV, 2025

Ossos de choco, cristais feitos à mão, pele de tinta, acrílico, silicone, resina, estrutura metálica

63x 53 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Um osso entre a pele III 2025

Ossos de choco, cristais feitos à mão, pele de tinta, acrílico, silicone, resina, estrutura metálica

63x 53 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Um osso entre a pele I, 2025

Ossos de choco, cristais feitos à mão, pele de tinta, acrílico, silicone, resina, estrutura metálica

63x 53 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Um osso entre a pele III, 2025

Ossos de choco, cristais feitos à mão, pele de tinta, acrílico, silicone, resina, estrutura metálica

63x 53 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Detalhe de Um osso entre a pele IV, 2025

Ossos de choco, cristais feitos à mão, pele de tinta, acrílico, silicone, resina, estrutura metálica

63x 53 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

As seis Mudas, 2025 (serie of 6)

ele de tinta, Worbla, acrílico, espelho acrílico, cristais artesanais, sistema de iluminação, resina, madeira

61x50x32 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Detalhe de As seis Mudas, 2025 (serie of 6)

ele de tinta, Worbla, acrílico, espelho acrílico, cristais artesanais, sistema de iluminação, resina, madeira

61x50x32 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Vista da Exposição

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Vista da Exposição

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

Caverna do Cthulhu, 2025

Mármore, barro, acrílico, porcelana fria, resina, madeira, carvão, musgo, pele de porco, cristais feitos à mão, plástico, pelo sintético, sistema de iluminação

25x37x25 cm

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

A Hora Azul, 2025

Vídeo e som

13m05s – Ed de 3

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

A Hora Azul, 2025

Vídeo e som

13m05s – Ed de 3

Foco Galeria Mermaids of a Restless Sea

A Hora Azul, 2025

Vídeo e som

13m05s – Ed de 3

O Sombrio Futuro da Memória

Num hibridismo metafórico e animalesco Nádia Duvall explora a profundidade e a densidade do tempo que antecede a guerra: A Hora Azul. Nesse mergulho, no entanto, toda a cor vai escurecendo até desaparecer no breu. Esse afundar extremo alerta-nos para o perigo em que a Mulher se encontra no presente, actualizando a afirmação peremptória de um futuro presente que rejeita a prepotência, o abuso de poder, a lógica do medo e as mentiras vendidas como pós-verdades. Esperemos que os mitos nos reconstruam, preparando-nos para o confronto, remetendo sempre para o inefável que nos alimenta o espírito. A narrativa leva-nos ao mistério mais fundamental da existência, da convivência e do reconhecimento do diálogo como a única forma de “outrar” qualquer coisa de nós mesmos. 

Numa exposição em que em cada obra explora o cinematográfico, mesmo no caso de ser uma escultura, as máquinas pensantes (Inteligência Artificial), que simulam os defeitos que só víamos quando filmávamos com película, procuram descobrir o sabor que sentimos na boca quando nos deixamos levar pela raiva ou quando o amor nos beija. Os filmes, e a arte em geral, são as mentiras que nos aproximam de verdades cada vez mais reais. Com a verdade me enganas inverte-se para que com a mentira me reveles verdades. As Mudas, por exemplo, são como frames de um movimento que permite que surja um símbolo da liberdade cristalizado da boca do silêncio.

Porque perdem as sereias a língua? Porque o canto é a sua arma. Essa música é um argumento tão sedutor e convincente que, quando combinado com melodia, ritmo e palavra, é mais forte do que qualquer feitiço ou vontade. Alguns homens com medo desse poder tentam por tudo que as sereias percam a língua, a linguagem e o canto. As Mudas apesar disso não perdem o seu poder, deixando apenas de o manifestar exteriormente. Interiormente continuam a cantar, atingindo êxtases que vão além do narcisismo, da auto-hipnose ou de uma felicidade sintética, oferecendo a si próprias arte, amor e paixão através do silêncio que têm dentro. 

Esta exposição é apocalíptica, o que significa que anuncia um fim enquanto se propõe a ser também revelação. A sereia não tem sempre cauda de peixe, aliás, no caso do filme A Hora Azul tem cabeça de choco. A invocação do Qthulhu de Lovecraft, e acima de tudo do Cthulhuceno proposto por Donna Haraway, implica repensar o mundo para uma multiplicidade de espécies que terão de colaborar criando uma entidade híbrida que nos obriga a anular a destruição extrema que os humanos têm causado. Mais do que apenas um ser composto por múltiplos seres este Cthulhu-sereia é uma criatura que sente medo mesmo sendo extremamente poderosa. Tal como nos apresenta Duvall, é uma quimera de “oráculos, bruxas e sereias” num só ser que paira na água como um fantasma movido directamente pela vontade (númeno de Schopenhauer).

Há em cada monstro a evidência de uma transformação, de um tornar-se animal poderoso, consciente mas apenas capaz de pensar parte das sua emoções que o obrigaram a transcender a norma. É um mar revolto de céu negro que engole migrantes. São as mesmas águas que podiam ter engolido Nádia Duvall e em vez disso tornaram-na Cthulhu-sereia, a cantar para o mundo nunca se esquecer do que não quer ser. É preciso tornar a sociedade mais aberta, abrir-lhe a boca ao máximo de maneira a morder o exterior e permitir espreitar o interior, como se fosse um poro extremamente aberto.

A Mátria pede-nos que não esqueçamos a vasta influência do patriarcado para anularmos as perversidades e os desequilíbrios que gerou, para isso este Mar Desassossegado pessoano denuncia a tensão da antecipação da guerra que já não é possível evitar…

Manuel Furtado