Reading Against The Grain é uma investigação artística que escrutina o impacto dos media na saúde mental. Esta relação é especulada através de um corpo de trabalho constituído por data paintings, desenhos e esculturas criados com algoritmos que leem notícias e obras que inventam as suas próprias notícias, traduzindo, expressando e apresentando narrativas visuais de sistemas complexos intangíveis.
Quintas tem vindo a desenvolver um estudo sobre o excesso de informação, por vezes incorrecta e sobre informações que distorcem a verdade, influenciando a opinião pública e comportamentos sociais e a sua relação com o impacto na saúde mental desde 2018. A pesquisa tem sido baseada na recolha de dados em grande escala de meios de comunicação social, redes sociais e sistemas de comunicação escrita por inteligência artificial.
Este processo de trabalho tem originado obras de arte digital como News Feed (2019), Keystones I,II,III,IV (2019) e Portugal In The Clouds (2021) desenvolvidas a partir da criação de sistemas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) em colaboração com cientistas de dados e programadores de visualização de informação.
PLN refere-se ao campo da linguística e das ciências da computação, e mais especificamente, ao ramo da inteligência artificial que permite aos computadores compreenderem texto e palavras faladas da mesma forma que os humanos conseguem. Quintas explora esta ligação com a ciência, traduzindo informação semântica em sentimento para revelar a carga emocional de notícias, ou obras que distorcem deliberadamente a verdade. Estes mapeamentos expressam representações da sociedade incompreensíveis e invisíveis à nossa percepção.
Os seres humanos estão a transitar em grande velocidade de um período no qual utilizam sistemas para operar informação, para uma fase em que são os sistemas que nos leem e operam. Esta transição coloca-nos em constante modo performativo reduzindo o nosso tempo para refletirmos sobre o passado e a memória como alicerces para o futuro. Em Reading Against The Grain são apresentadas um conjunto de novas obras generativas e algorítmicas de carácter digital em interligação com um conjunto de peças físicas, nas quais bases de dados, datasets e fluxos de informação ganham uma leitura tangível, estabelecendo um diálogo entre performatividade e memória.
O título da exposição é pedido emprestado à técnica que sugere que ler contra-corrente é uma leitura alternativa e resistente a determinado texto, examinando as crenças e atitudes que normalmente não são evidentes num texto, chamando a atenção para as lacunas, preconceitos e contradições. Nesta exposição foram criadas obras a partir de uma análise contracorrente e resistente sobre os dados de origem, como por exemplo a tradução e expressando o sentimento de notícias em imagens de mapeamento emocional. Uma abordagem forense à informação para debater a responsabilidade dos media e das plataformas na nossa saúde mental.
Inauguração Quinta feira 10 de Novembro 18h-22h
Apoio: Républica Portuguesa – Cultura / Direcção-Geral das Artes
Agradecimentos: o artista agradece a Joan Sandoval pela colaboração de longa data na programação criativa e as contribuições científicas e tecnológicas de David Rau e Nir Elbaz; ao CIAC – Centro de Investigação em Arte e Comunicação, ao MNAC/ Prémio Sonae Media Art e Sonar Festival pela disseminação e exibição desta pesquisa.